25 de novembro de 2021
Da redação
Documento lançado nessa quarta (24) é feito por mais de 30 movimentos atuantes na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal. Leia íntegra no Brasil de Fato.
De acordo com o INPE, só em setembro de 2021 quatro estados e o Distrito Federal ultrapassaram a média histórica de fogo, contabilizada desde 1998.
O fogo no Brasil está sendo usado como arma para o avanço da grilagem de terras e a expulsão de comunidades de seus territórios, provocando impactos ambientais tais como seca e desmatamento.Isso mesmo durante a pandemia e com o endosso do governo Bolsonaro.
Esse cenário, seus mecanismos, impactos e conflitos locais estão descritos no dossiê Agro é Fogo, que tem sua segunda fase lançada nessa quarta-feira (24).
A Articulação Agro é Fogo, que fez o documento composto por sete artigos e sete casos territoriais, se constituiu como reação aos incêndios florestais que assolam o país nos últimos dois anos.
A rede reúne cerca de 30 movimentos, organizações e pastorais sociais que atuam há décadas na defesa da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal.
Fome e agronegócio: ambos crescem juntos De acordo com o dossiê, a ampliação da fome no Brasil (que já atinge de forma aguda 19 milhões de pessoas) é proporcional ao avanço do agronegócio.
A área que poderia ser destinada a plantar alimentos presentes no cotidiano da população foi reduzida na última década. Atualmente o arroz, o trigo e o feijão representam apenas 8% da produção nacional de grãos.
No lugar de produzirem alimentos como esses, as terras no país estão majoritariamente destinadas à concentração de commodities de soja e milho, que representam 88% da última safra de grãos do país.
:Para Diana Aguiar e Sílvio Isoppo Porto, autores do artigo sobre o tema, “as paisagens monoculturais dominantes poderiam ser pensadas como verdadeiros ‘desertos alimentares’”. Pantanal queimando sob fogo provocado.
Para muitos, essa é a paisagem que vem à mente quando se fala no Pantanal que, do lado de cá das fronteiras brasileiras, se estende pelo Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS).
De janeiro a outubro de 2020, incêndios atingiram 4,1 milhões de hectares do Pantanal, o que responde a 26% da sua área. Em comparação com o fogo de 2019, houve um aumento de quase três vezes de área queimada.
O artigo de Cláudia de Pinho destaca que, apesar de muito ter se falado sobre a tragédia das chamas na fauna e na flora desse ecossistema, pouca atenção tem sido dada aos impactos para as populações tradicionais que ali vivem.
“Quando o Pantanal queima, o que pega fogo é a casa dessas comunidades”, afirma Pinho, coordenadora da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras.
A partir do cruzamento de dados tais como focos de calor e mapeamento de áreas atingidas, o Instituto Centro de Vida identificou que, no Mato Grosso, entre julho e agosto do ano passado, os incêndios começaram em cinco fazendas de gado.
A Repórter Brasil apurou que os pecuaristas em questão vendiam gado para o grupo Amaggi, do ex-ministro e ex-senador Blairo Maggi e para o grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi, um dos maiores produtores de soja do planeta.
Ambas as empresas abastecem as multinacionais JBS, Minerva e Marfrig.