Política

Para especialista em políticas públicas, Caldeirão do Huck é propaganda eleitoral

07 de outubro de 2019

 

Da redação

 

 

O especialista em políticas públicas Léo Rossato analisa, neste domingo (6), em uma sequência no Twitter, o rebranding – uma espécie de reposicionamento de marca – pelo qual passou o apresentador Luciano Huck, para “se vender como um cara mais autêntico”, segundo ele.

 

 

Luciano Huck – Caldeirão do Huck – Reprodução – Revista Forum

 

O Caldeirão do Huck, programa semanal do apresentador, segundo Léo, é, a cada segundo, “propaganda eleitoral”. O cientista social afirma que ele mesmo, até pouco tempo atrás, “cultivava o estereótipo do Huck como o cara que humilhava os outros pra dar alguma coisa depois”. Agora, o “Huck está claramente empenhado em ser um cara mais palatável”, afirma.

Huck, de acordo com ele, tem se tornado “um sujeito voltado às causas sociais e sensível às minorias”. “No quadro ‘clássico’ de humilhação, o Lar Doce Lar”, prossegue Léo, “10% da cidade de Lagoa da Prata se mobilizou em um abaixo-assinado pra pedir que o Luciano Huck construísse a casa do pipoqueiro da cidade, um senhorzinho muito pobre, neto de escravos, analfabeto”.

Ele lembra que, “ao contrário do que poderíamos esperar, o Huck não fez qualquer prova com o senhorzinho em questão. Só deu a casa pra ele, realizou o sonho dele de conhecer Aparecida e ainda fez uma discussão séria sobre a história do racismo do Brasil e a dívida do país com os ex-escravos”.

“Ao invés da postura pedante habitual”, lembra Léo, “o Huck tentou mostrar empatia pelo senhorzinho, o ‘Pelé da pipoca’. Disse inclusive que mudou de opinião sobre a questão negra no Brasil depois de entender a injustiça que os ex-escravos sofreram”.

Ele afirma não saber se tem algo de verdade nisso ou “se é só conselho de assessor, mas a questão é que semana após semana esse novo Huck aí vai mobilizando bairros e cidades enquanto faz benfeitorias”, alerta.

Já na parte final da thread, ele afirma: “Que ele vem forte pra 2022, não há dúvidas. A questão é saber com quais opiniões ele vem. Hoje ele já parece muito mais articulado e preocupado com questões sociais/de minorias que em 2017-2018. Está tomando uma linha muito similar ao Macron e ao Trudeau, pra ficar em 2 exemplos”.

Léo ainda aposta que “em um hipotético segundo turno contra Bolsonaro, certamente seria uma opção com menos rejeição. Bolsonaro já sentiu isso, e começou a jogar pro seu público chamando o Huck de ‘pau mandado da Globo’, coisa que soa quase como um orgasmo para sua turba de fãs mais fiéis”.

No final, ele se pergunta qual a participação do staff da Globo nisso. “A Globo hoje é altamente internacionalizada e depende mais do que qualquer outra empresa brasileira de que o país tenha uma boa imagem no exterior pra vender seus produtos mundo afora” e, portanto, “Huck pode ser a estratégia deles. É bom continuarmos de olho nesse rebranding”, encerra.

“Chamado”

Em entrevista à revista Marie Claire, a apresentadora Angélica, esposa de Huck, admitiu que a candidatura do marido à presidência em 2022 é “um chamado”. “Não posso dizer que acho muito legal Luciano sair candidato, não seria verdade, mas tem uma hora que você não está mais no controle. É uma espécie de chamado”, disse.

Em um jantar em sua casa com políticos, como Fernando Henrique Cardoso, o economista Armínio Fraga, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, entre outros, Huck teria afirmado estar disposto a deixar seu cargo na Globo para a assumir a candidatura.

 

 

Da Revista Forum

 



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